Emenda de Cidinha propõe que deputado processado não vote em casos de quebra de decoro

cidinhaEm entrevista ao site SRZD nesta quarta-feira (02/07), do jornalista Sidney Rezende, a deputada estadual Cidinha Campos disse que vai manter a proposta de emenda ao Código de Ética da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) para que deputados processados por enriquecimento ilícito em mandatos anteriores sejam proibidos de votar ações que julguem questões relativas à quebra de decoro parlamentar. Na matéria, Cidinha questiona a absolvição do deputado Domingos Brazão em caso envolvendo homicídio.

Segue matéria do SRZD na íntegra.

 

 

02/07/2014

Deputada levanta suspeita sobre absolvição de Domingos Brazão em homicídio

 A deputada estadual Cidinha Campos (PDT) afirmou, em entrevista ao SRZD nesta quarta-feira, 2, que vai manter a proposta de emenda ao Código de Ética da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), motivo da briga protagonizada por ela e pelo deputado Domingos Brazão (PMDB) no dia 3 de junho. A parlamentar propõe que deputados processados por enriquecimento ilícito em mandatos anteriores sejam proibidos de votar ações que julguem questões relativas à quebra de decoro. Cidinha informou que pedirá destaque de votação separada para a emenda.

A discussão em questão começou porque Brazão ficou enfurecido com a proposta apresentada. Ele, então, insultou a deputada com xingamentos pesados e disse que já mandou matar muito vagabundo, “mas vagabunda ainda não”. Cidinha, por sua vez, não tolerou calada e retrucou as ofensas chamando-o de ladrão e assassino.

“Eu fui provocada e só passei a dizer o que sabia dele depois de ser agredida diante de 20 deputados. A minha proposta continua e vou pedir destaque à votação para impedir que toda a robalheira que algum parlamentar tenha cometido no passado seja esquecida”, disse ela aoSRZD. O episódio gerou um processo por quebra de decoro parlamentar para ambos. Depois da briga, Brazão confirmou que foi preso por assassinato quando tinha 22 anos, mas ressaltou que agiu em legítima defesa para defender o irmão e foi absolvido.

“Eu quero ver esse processo, que é muito suspeito. Depois que uma pessoa é inocentada, o processo torna-se público. O dele, ninguém encontra. Ele se defende que matou um vagabundo para defender o irmão, mas eu nunca vi alguém, para defender outro, atingir a vítima com um tiro na nuca à queima-roupa. Segundo estou informada, o Brazão diz que não tem provas. Como não, se o autor confessa o crime e se orgulha dele? Não conheço ninguém de boa-fé que tenha matado em legítima defesa e tenha orgulho em contar isso. No mínimo, a pessoa vai ficar muito abalada com a situação”, comentou Cidinha.

Em reportagem publicada na última terça-feira, 1º de julho, o SRZD mostrou que o livro “Os ben$ que os políticos fazem”, escrito pelo jornalista Chico de Gois, resume uma série de acusações das quais Brazão é alvo. Entre elas, as de que ele teria participação em roubo de carros e cargas, adulteração de combustíveis, desvio de recursos, grilagem de terras, associação com milicianos e homicídios. Para Cidinha, o político nunca foi condenado por falta de esforços do Estado brasileiro.

“Existe uma falta de empenho do Estado brasileiro como um todo em descobrir as falcatruas em que o deputado Brazão está envolvido. Ninguém fica rico como ele ficou sem estar metido em alguma maracutaia. A história dele começa com desmanche de automóveis para vendê-los, roubava cargas e carros. Depois, foi enriquecendo e se envolvendo em outros tipos de corrupção. Comprou vários postos de gasolina, um negócio violento envolvendo tantas mortes em que ele era amigo dos mortos. Até hoje não se sabe quem matou o empresário João Bosco Charra, que era amigo dele quando foi executado no Leblon em 2008”, afirmou.

Candidatura confirmada

Cidinha Campos confirmou que vai se candidatar à reeleição na Alerj, onde exerce seu quarto mandato consecutivo. Ela assumiu a Secretaria estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Seprocon) de fevereiro de 2013 até o último mês de abril.

“Olha, ainda tem tanta coisa para fazer… Às vezes, pensamos que já fizemos muito, mas perto do que o Brasil e o Rio de Janeiro precisam, vemos que não é nada. Ninguém tem coragem de fazer o tipo de trabalho que eu faço há 24 anos e vou continuar fazendo. A defesa do consumidor foi uma recém-descoberta, um aprendizado muito importante na minha vida que se intensificou com a minha passagem pelo executivo como secretária de Defesa do Consumidor”, ressaltou.